Desde 1979, pesquisadores, assistentes e estudantes associados ao PDBFF avaliam os impactos causados pelo processo de fragmentação da floresta Amazônica sobre uma grande diversidade de espécies: árvores, pássaros, primatas, pequenos mamíferos, sapos, insetos entre outros grupos taxonômicos - bem como sobre vários processos ecológicos e ecossistêmicos.
Um aspecto chave dos estudos no PDBFF é que antes do isolamento experimental dos fragmentos florestais uma grande quantidade de dados sobre várias espécies foi coletada, criando um marco zero e após esse momento, permitir uma avaliação rigorosa dos efeitos da fragmentação no espaço e no tempo.
Ao longo dos anos, O PDBFF tem revelado muitas informações a respeito do efeito da fragmentação dos habitats sobre as formas de vida da floresta. Conforme esperado, muitas espécies como grandes mamíferos, primatas, aves do sub-bosque, certos besouros, formigas, abelhas, cupins e borboletas se mostraram altamente sensíveis à fragmentação florestal e algumas delas foram extintas localmente até mesmo dos maiores fragmentos estudados. Surpreendentemente, alguns poucos grupos, tais como pequenos mamíferos e sapos, permaneceram estável ou aumentaram em número de espécies após o isolamento dos fragmentos. Esses grupos parecem ter pouca necessidade de espaço e parecem insensíveis aos efeitos de borda, ou estão prontos para usar o mosaico de habitats modificados que cercam os fragmentos florestais ou comumente chamado de “matriz” ou matriz de entorno.
Os estudos também revelaram a impressionante variedade de efeitos de borda causada pela fragmentação da floresta. Estas mudanças afetam dramaticamente a comunidade de plantas e vários processos ecológicos e ecossistêmicos. Os efeitos de borda também influenciam vários animais. Espécies que preferem florestas perturbadas ou clareiras geralmente aumentam em abundância ao estarem próximas às bordas, enquanto outras, incluindo muitas aves, morcegos, besouros, formigas, abelhas, vespas e borboletas têm mostrado declínio nessas áreas. As espécies que estão evitando as bordas podem ser particularmente mais vulneráveis à fragmentação florestal.
A matriz de habitats modificados que cerca os fragmentos também exerce uma importante influência sobre a biota nos fragmentos. Os fragmentos cercados por florestas secundárias são menos vulneráveis às mudanças microclimáticas relacionadas aos efeitos de borda e consequentemente, a mortalidade de árvores foi menor nesses fragmentos do que naqueles cercados originalmente por pastagens. A matriz também influencia fortemente a conectividade dos fragmentos. Entre as espécies de sapos, pássaros, pequenos mamíferos e morcegos, as que evitam a matriz estão mais sujeitas a declinar ou desaparecer dos fragmentos florestais do que aquelas que a usam.
Os fragmentos cercados por vegetação secundária deveriam ser, portanto, capazes de sustentar espécies mais sensíveis da floresta do que aqueles cercados por um habitat mais hostil como as pastagens. Outro importante resultado é que mesmo pequenas clareiras são barreiras para muitos organismos da floresta. Muitos pássaros insetívoros terrestres desapareceram dos fragmentos florestais e não têm conseguido recolonizá-los mesmo decorridos muito tempo após o isolamento e da regeneração do entorno. Até mesmo uma estrada não pavimentada de 30 a 40 m de largura altera dramaticamente a estrutura da comunidade de pássaros do sub-bosque e inibe os movimentos de muitas espécies. Clareiras de apenas 15 a 100 m são barreiras insuperáveis para certos besouros, abelhas euglossini e mamíferos arborícolas.
Em uma paisagem dominada por atividades antrópicas, os habitats fragmentados são geralmente isolados por distâncias consideravelmente maiores do que daquelas de grandes faixas de florestas, sugerindo que os movimentos entre os fragmentos serão drasticamente cerceados para muitas espécies da floresta.
Para maiores informações, consulte a revisão: Laurance, W. L.; Camargo, J. L. C.; Fearnside, P. M.; Lovejoy, T. E.; Williamson, G. B.; Mesquita, R. C. G.; Meyer, C. F. J.; Bobrowiec, P. E. D. & Laurance, S. G. W. 2017. Biological Reviews doi: 10.1111/brv.12343.
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