Introdução
O Distrito Agropecuário da SUFRAMA (DAS) ao Norte da cidade de Manaus foi criado para propiciar abastecimento de produtos agrícolas para a cidade de Manaus. Terras foram cedidas e através de subsídios federais, fazendas foram abertas pelo corte raso e queima, convertendo florestas pristinas de terra firme em áreas de pastagens. Porém, antes que o processo de fragmentação florestal tomasse curso, reservas florestais que hoje compõem a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE PDBFF – cogerida pelo ICMBio e INPA) foram marcadas e protegidas com cercas. Entre 1979 e 1984, o processo de estabelecimento das reservas e a marcação de parcelas permanentes para monitorar possíveis alterações nos aspectos sistêmicos e na biodiversidade foram, portanto, realizados anteriormente à conversão e isolamento de uma série de fragmentos florestais. Nesse período, 27 reservas foram estabelecidas em uma área de estudo de cerca de 1.000 km2. No final, 11 destas reservas de 1, 10 e 100 ha, as quais faziam parte de um maciço contínuo de florestas, tornaram-se fragmentos florestais circundados por pastagens novas. Outras 13 reservas passaram a serem áreas correspondentes aos fragmentos (com as mesmas classes de tamanho), mas que nunca seriam isoladas, o que possibilitou a realização de vários estudos comparativos, pois seria possível isolar os efeitos causados pela fragmentação florestal, tais reservas são consideradas áreas controle. Outros três reservas de 1000 ha foram criadas e servem até os dias de hoje também como áreas controle. Para a descriminação de cada reserva veja o quadro a seguir:
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RESERVAS FLORESTAIS DA ARIE PDBFF
ORIGINALMENTE CRIADAS
TAMANHO (em ha)
1
10
100
1000 (CONTROLE)
Total
ISOLADAS
5
4
2
11
NÃO ISOLADAS
6
5
2
3
16
Total
11
9
4
3
27
EM USO FREQUENTE
TAMANHO (em ha)
1
10
100
1000 (CONTROLE)
Total
ISOLADAS
4
3
2
9
NÃO ISOLADAS
5
1
1
3
10
Total
9
4
3
3
19
Próximos às reservas são mantidos sete acampamentos com infraestrutura rústica, mas confortável e funcional (alojamentos com cozinha, refeitório, dormitórios, banheiros, geradores, bomba d´água e mais recentemente para alguns acampamentos, telefonia rural). Estas pequenas bases de pesquisa são eficientes para abrigar pesquisadores, alunos que desenvolvem seus projetos acadêmicos ou que estão em treinamento e assistentes de pesquisa.
A despeito do solo altamente lixiviado e ácido, a área de estudo do PDBFF tem uma diversidade de árvores extremamente alta, apresentando em média mais de 285 spp./ha (com DAP >10 cm) nas reservas de floresta contínuas. Hoje, devido ao insucesso dos projetos pecuários das fazendas que abrigam os fragmentos florestais, na área há também florestas secundárias de idades e composição florística variadas que regeneraram após o abandono das pastagens em meados dos anos 1980, permitindo o monitoramento da regeneração natural e várias pesquisas nessas áreas que visam entender a regeneração de áreas degradadas.
As reservas isoladas estão circundadas por pastagem (pastos sujos) ou áreas em regeneração secundária, enquanto que as áreas não isoladas ainda fazem parte de grandes extensões de floresta contínua. Abaixo pode ser visto o histórico de criação de todas as reservas e o isolamento e manutenção dos fragmentos florestais criados experimentalmente:
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Estas reservas foram declaradas como Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) por decreto da Presidência da República publicado no Diário Oficial da União em 6/11/1985. A área de estudos do PDBFF, juntamente com as Reserva Florestal Adolpho Ducke e EEST do INPA são parte do sítio PELD #1 – “Reservas do INPA” que visa os estudos ecológicos de longa duração.
Além das áreas protegidas, existem outras formações vegetais que fazem parte da paisagem local: pastagens em uso ou abandonadas, as quais se encontram em várias fases de regeneração florestal. A história do uso do solo é conhecida em todas as áreas, o que propicia uma oportunidade única de estudar o processo de regeneração florestal.
Abaixo pode ser visto um dos primeiros croquis da distribuição das reservas nas três fazendas onde está situada a ARIE PDBFF. Também uma imagem de satélite que mostra a região, detalhe para o grande polígono branco que mostra os limites do Distrito Agropecuário da Suframa (DAS) e da linha amarela que corta a imagem de norte a sul que representa a BR - 174 (Manaus - Boa Vista). Nessa imagem as reservas podem ser vistas em vermelho.
Por último, pode ser visto um mapa esquemático das reservas distribuídas ao longo da BR - 174 da estrada vicinal ZF - 03 que pertence ao DAS.